O El Niño é um evento climático natural conhecido mundialmente, que afeta de forma significativa a agricultura. Ele provoca mudanças consideráveis nas temperaturas da superfície das águas do Oceano Pacífico, resultando em alterações climáticas acentuadas e diversos efeitos negativos, principalmente nos plantios.
Continue a leitura para entender mais sobre os impactos do El Niño, suas consequências no setor agrícola e as estratégias para se adaptar, prevenir e mitigar seus efeitos.
Desafio no cultivo por conta do fenômeno
De acordo com uma pesquisa feita pela Farmer Voice, mais de 70% dos trabalhadores do setor agrícola em todo o mundo, sentem os efeitos do fenômeno El Niño nos cultivos das safras.
Como a atividade agrícola é altamente dependente das condições climáticas, as consequências geradas por esse fenômeno impactam diretamente no cultivo, cujos efeitos ainda serão sentidos em 2024. No Brasil, alguns problemas comuns relacionados ao El Niño incluem secas severas nas regiões Norte e Nordeste, além de chuvas abundantes nas regiões Sul e Sudeste.
De maneira geral, diversas áreas ao redor do globo enfrentam chuvas irregulares e períodos de estiagem, o que aumenta a vulnerabilidade das plantações a infestações de pragas e doenças, redução da produtividade, diminuição do peso dos grãos e frutos, problemas com irrigação e infraestrutura, e até mesmo a perda total das safras.
Ondas de calor intensas
O El Niño contribui para o aumento das temperaturas na zona tropical do globo, liberando grandes quantidades de calor armazenado no oceano diretamente para a atmosfera.
Além disso, ocorrem bloqueios atmosféricos que favorecem a permanência de condições climáticas quentes e secas, resultando em ondas de calor prolongadas. Esses fenômenos afetam negativamente o desenvolvimento de culturas que são mais sensíveis ao calor.
A alta das temperaturas, aliada às chuvas, também cria condições propícias para o aumento de doenças nas plantações e infestações de pragas, já que o calor e a umidade favorecem a reprodução de insetos e patógenos.
Falta de água
A escassez de água é outro desafio enfrentado durante a ocorrência do El Niño, sendo mais comum nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, que sofrem com secas prolongadas, prejudicando a disponibilidade de água para irrigação e abastecimento dos reservatórios.
Isso impacta diretamente na produção agrícola, podendo levar à perda das safras e aumento do custo de produção, especialmente em relação às culturas que requerem grandes quantias de água, como milho e soja.
Para as culturas que dependem de irrigação abundante, os produtores enfrentam custos adicionais durante as secas, sendo necessário muitas vezes recorrer a fontes alternativas de água ou investir em sistemas de irrigação mais eficientes e tecnológicos.
Consequências Indiretas do El Niño nas Cadeias de Suprimentos Agrícolas
Os impactos do El Niño nas produções agrícolas podem colocar algumas regiões em risco no que diz respeito à segurança alimentar, aumentando a pressão sobre os grandes produtores e exportadores de alimentos e matérias-primas ao redor do mundo.
Países como Brasil, Indonésia e Austrália provavelmente enfrentarão instabilidades em suas produções devido a esse fenômeno. Isso significa que o mundo inteiro pode sofrer com instabilidades econômicas, políticas e sociais decorrentes de fenômenos naturais em curso.
Impactos nos Preços dos Alimentos
Diante de cenários pouco favoráveis, há uma alta probabilidade de aumento da inflação nos preços dos alimentos devido ao desafio entre oferta e demanda que deve se instalar, especialmente no próximo ano. Esse comportamento tem sido observado nas últimas duas décadas em anos de ocorrência do El Niño.
Interrupções no Transporte e Distribuição
Outros problemas comumente associados aos fenômenos climáticos estão relacionados à infraestrutura, viabilização e eficiência dos transportes. Em geral, essas dificuldades são causadas por chuvas torrenciais em algumas regiões, provocando o declínio de estruturas e prejudicando o fluxo e qualidade das estradas.
Com isso, a logística acaba sofrendo com mudanças de rotas e atrasos nas entregas, além de ser necessário aumentar a segurança de quem trabalha nesta frente.
Riscos financeiros para o agronegócio
Como mencionado anteriormente, o setor agrícola em todo o mundo sofrerá as consequências do fenômeno El Niño. Isso impactará principalmente no aspecto econômico, já que o agronegócio poderá enfrentar problemas como aumento do custo de produção, redução do rendimento na lavoura e até perdas significativas nas safras.
No entanto, existem algumas ações capazes de reduzir os riscos de perda econômica para os produtores, indicados a seguir.
Estratégias de Adaptação e Mitigação
É fundamental que os produtores adotem estratégias de adaptação, prevenção e mitigação, a fim de garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola, como:
Planejamento e conservação do solo
A adoção de sistemas mais sustentáveis e resilientes, como o plantio direto, contribui para a estruturação e proteção do solo, ajudando a torná-lo menos vulnerável aos efeitos do El Niño.
Além disso, é importante evitar práticas agrícolas consideravelmente abrasivas para o solo, especialmente em períodos ou regiões com muita chuva, e optar por adotar práticas como a manutenção de palhada para reforçar a proteção do solo contra a erosão e reter umidade de forma adequada.
Manejo de plantio
Uma boa prática agrícola é o plantio escalonado, no qual diferentes cultivares são plantados na área produtiva em períodos e ciclos diversos, baseados nas características mais indicadas para cada cultivar utilizado.
Essa prática aumenta a resiliência da produção a eventos extremos, pois o período mais vulnerável de cada plantio ocorrerá em momentos diferentes, além de promover o aumento da cobertura do solo, entre outros benefícios.
Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC)
O ZARC é uma ferramenta de gestão de riscos que oferece melhores recomendações para tomada de decisões mais assertivas quanto ao período e tipo de cultivar mais apropriado para o plantio.
Estratégias econômicas
É importante considerar ajustes financeiros para possíveis altas nos preços dos insumos e também para os investimentos em infraestruturas e práticas agrícolas que protejam a produção.
Dessa forma, os produtores estarão mais preparados para enfrentar os desafios impostos pelo El Niño e garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola.
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