A fase da colheita do café é considerada como uma das etapas mais importantes de todo o processo. Por isso, precisamos ter atenção a alguns detalhes nesse momento crucial para o sucesso da safra. Afinal, como é a colheita do café? Qual a importância de uma boa colheita, quando devemos realizá-la e quais os métodos utilizados?

Acompanhe o conteúdo a seguir e fique por dentro das principais informações para a colheita do seu café!

A importância de uma colheita bem feita

Escolher o método mais adequado para a colheita, desde o momento de retirada de grãos até o transporte dos mesmos para a unidade de pré-processamento, é fundamental. Isso porque uma colheita bem feita pode impactar diretamente na qualidade do produto final.

O método escolhido deve proporcionar uma boa relação custo-benefício para o produtor. Escolher um método compatível com o tipo de lavoura é também uma decisão produtiva, econômica e sustentável.

Quando realizar a colheita do café?

Primeiro, é preciso entender os estágios dos grãos do café, de acordo com seu grau de maturação:

  • Verde
  • Cereja
  • Passa
  • Coco
  • Bóia.

Não consideramos como estágio de maturação, porém no processo de beneficiamento (lavagem dos grãos), esse fruto é separado dos demais cafés. Como o próprio nome diz, ele boia na superfície da água, isso acontece por fatores como má formação dos grãos ou ataque de pragas como a broca do café.

Para buscar cafés de alta qualidade de bebida, o ideal é iniciar a colheita quando o café estiver com maior quantidade de frutos cereja ou menos de 30% verde. Outra possibilidade é fazer uso de maturadores para otimizar o aproveitamento do café, aumentando a quantidade de fruto cereja.

O estado de maturação fisiológica da cereja ocorre quando o grão já está sólido, possuindo menor teor de água no seu interior. O período de colheita do café no Brasil se estende de abril a agosto. É possível notar a fase pela mudança na cor da casca, que costuma passar do verde para o vermelho ou amarelo, dependendo da variedade do café.

Longos períodos de chuva durante esse processo podem comprometer a qualidade do café, por isso é importante investir em tecnologias que diminuam o processo de fermentação negativa durante o processo de secagem.

Métodos de colheita do café:

Definir o método mais recomendado para a colheita é analisar a topografia do terreno, espaçamento de plantio, capacidade de investimento do produtor naquele momento e também a idade da lavoura de café.

Algumas regiões possuem topografias que inviabilizam a utilização da mecanização, mesmo com os avanços tecnológicos que já permitem a colheita em locais mais íngremes. A colheita mecanizada em lavouras muito novas também precisa ser analisada, pois se o equipamento não estiver bem calibrado ou não for compatível, pode ocasionar em danos às plantas.

Alguns pontos que afetam a qualidade de uma boa colheita são o timing da maturação, que afeta na eficiência da retirada dos grãos de café das plantas, podendo haver a necessidade de reentrada de máquinas, que causará oneração de custo, maior possibilidade de danos às plantas e também a possibilidade de frutos remanescentes nas lavouras (plantas que foram ao solo e não serão recolhidos).

Sempre evitar deixar frutos remanescentes, pois estes podem se tornar multiplicadores para o desenvolvimento de pragas como brocas do café. A colheita mais agressiva pode também afetar as guias produtivas do café, e diminuir a produtividade para o próximo ano.

Dito isso, existem 3 possibilidades para o método da colheita do café. Veja a seguir as principais características e diferenças de cada um dos processos.

Colheita manual

Como o nome sugere, a colheita é feita de forma manual neste processo, o que requer muito cuidado para não danificar ou quebrar os ramos produtivos das plantas, já que isso pode prejudicar a safra seguinte. A colheita manual é dividida em três etapas: arruação; efetivação da derriça sobre panos ou peneiras; levantamento e abanação, que ocorrem no mesmo momento; transporte.

Esse tipo de colheita acaba resultando em um custo mais alto por saca para o produtor, pois o rendimento operacional é baixo. A colheita manual é utilizada em lavouras mais novas para garantir a qualidade de suas guias (ramos laterais/produtivos).

Colheita semimecanizada

Na colheita semimecanizada, utiliza-se derriçadoras motorizadas portáteis, que vão ajudar no trabalho e aumentar a produtividade dos trabalhadores. O equipamento é utilizado para balançar os galhos e derrubar os frutos mais maduros em lonas, telas ou panos. 

Sendo assim, a parte manual desse tipo de colheita acontece no momento em que os trabalhadores esticam os tecidos no chão e recolhem os grãos, colocando na sacarias após limpeza. O processo de recolhimento dos frutos que eventualmente possam ter caído fora das lonas, a chamada varrição e recolhimento, pode ser realizada manualmente ou através de máquinas específicas para o processo. Isso dependerá também do espaçamento, topografia e nível de investimento do produtor.

Colheita mecanizada

A colheita mecanizada é recomendada para plantações em terrenos planos, que facilitam a passagem das máquinas. É possível escolher entre tratores agrícolas ou automotrizes, e ambos realizam colheita plena ou seletiva dos frutos. Vale ressaltar que o treinamento constante do operador das máquinas é essencial para manter o funcionamento correto.

Além disso, recomenda-se espaçar as linhas da lavoura de acordo com o tamanho das máquinas. Por fim, devemos nos preocupar em plantar as mudas de forma alinhada, para diminuir a quebra de ramos da planta.

Como funciona o ciclo de colheita de café?

No ciclo de colheita de café, as árvores passam por um processo anual de produção de frutos. À medida que a estação de colheita se inicia, os frutos maduros começam a aparecer nos ramos, sendo selecionados e colhidos cuidadosamente pelos trabalhadores. Os frutos são processados para extrair os grãos de café, e posteriormente secos e preparados para a comercialização. 

Durante o ciclo de colheita, os agricultores monitoram as condições climáticas e as necessidades das plantas, garantindo assim a qualidade e a quantidade da safra de café produzida a cada ano.

Além disso, os produtores também se dedicam a alguns outros passos que são fundamentais para garantir uma safra melhor. Aqui estão eles:

Controle de pragas

No ciclo de colheita do café, o controle de pragas é essencial para uma produção saudável e de alta qualidade. O agricultor utiliza monitoramento, técnicas de manejo integrado e produtos fitossanitários controlados para evitar infestações. 

Práticas de higiene e manutenção também são utilizadas para prevenir a propagação de insetos indesejados, assegurando assim uma produção sustentável ao longo do ciclo.

Manuseio de plantas daninhas

Na colheita o manuseio de plantas daninhas é uma atividade essencial. O agricultor implementa estratégias de controle de plantas invasoras para evitar que prejudiquem o crescimento saudável das árvores de café e comprometam a qualidade da colheita. 

Utilizando métodos adequados, como capina manual ou mecânica, cobertura morta orgânica e aplicação controlada de herbicidas quando necessário, o manejo das plantas daninhas é realizado de forma a minimizar sua competição por recursos como água, nutrientes e luz solar, permitindo assim que as árvores de café prosperem e produzam frutos de qualidade.

Podas de cada fase do Ciclo do Café

No ciclo do café, as podas desempenham um papel crucial em cada fase de crescimento das árvores. Durante a poda de formação, são realizados cortes estratégicos para desenvolver uma estrutura robusta e bem equilibrada. 

Na fase de produção, as podas de manutenção visam remover galhos doentes ou danificados, promovendo a circulação de ar e a penetração da luz solar para os frutos. Posteriormente, na poda de renovação, cortes mais intensos são realizados para revitalizar árvores mais antigas e estimular o crescimento de novos ramos produtivos. 

Em todas as fases, a poda cuidadosa contribui para a saúde das árvores, a maximização da produção de café e a qualidade dos grãos colhidos.

Adubação

No ciclo do café, a adubação desempenha um papel crucial para o desenvolvimento saudável das árvores. O agricultor aplica cuidadosamente os fertilizantes, garantindo que os nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio, sejam fornecidos ao solo de forma equilibrada. 

Ao longo das diferentes fases do ciclo, desde o crescimento vegetativo até a produção de frutos, a adubação é ajustada para atender às necessidades cambiantes da planta. Isso resulta não apenas em um aumento na quantidade de frutos, mas também na qualidade dos grãos de café produzidos, contribuindo assim para uma colheita bem-sucedida e satisfatória.

Doenças que podem afetar o café

Conheça algumas doenças que podem afetar o café:

  1. Ferrugem das folhas (Hemileia vastatrix)
  2. Broca-do-café (Hypothenemus hampei)
  3. Cercosporiose (Cercospora coffeicola)
  4. Oídio (Oidium spp.)
  5. Antracnose (Colletotrichum spp.)
  6. Doença do carvão (Uromyces spp.)
  7. Mancha-de-olho-pardo (Cercospora coffeicola)
  8. Mofo-branco (Sclerotinia spp.)
  9. Fusariose (Fusarium spp.)
  10. Bacteriose (Pseudomonas syringae)
  11. Vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa)
  12. Declínio de raízes (Phytophthora spp.)

Quais são os processos de pós-colheita do café?

Após a colheita, o café passa por uma série de processos. Primeiramente, os grãos são separados dos frutos e polpa por meio de métodos de despolpamento e fermentação. Em seguida, os grãos são lavados e deixados para secar ao sol ou por meio de secadores mecânicos, visando atingir a umidade adequada para armazenamento. 

Uma vez seco, o café pode passar pelo processo de descascamento para remover a casca seca restante. O café verde resultante é então armazenado ou enviado para a etapa de beneficiamento, na qual é feita a remoção do pergaminho e a classificação por tamanho e qualidade. 

O processo de pós-colheita varia de acordo com a região e os métodos utilizados, mas sua execução adequada é fundamental para a obtenção de grãos de café de alta qualidade e sabor.

Como obter os grãos após a separação? 

Após a separação dos frutos e polpa, os grãos de café são obtidos por meio do processo de despolpamento. Nesse estágio, os frutos são alimentados em máquinas despolpadoras que removem a polpa externa dos grãos, deixando-os expostos. 

Em seguida, os grãos de café despolpados são fermentados em tanques específicos, onde ocorre a remoção adicional da mucilagem restante que envolve os grãos.

Esse processo de fermentação é crucial para garantir a limpeza e a qualidade dos grãos. Após a fermentação, os grãos são lavados e, por fim, submetidos ao processo de secagem para atingir o nível de umidade adequado para armazenamento e beneficiamento subsequente.

Secagem do Café

A secagem do café é uma etapa fundamental no processo pós-colheita. Após a fermentação e lavagem dos grãos, eles são espalhados em camadas finas sob o sol ou, em alguns casos, em secadores mecânicos. 

Durante esse processo, os grãos perdem gradualmente sua umidade, o que é crucial para evitar a proliferação de fungos e garantir a estabilidade do produto durante o armazenamento. O café deve ser regularmente revolvido para garantir uma secagem uniforme e evitar a formação de mofo. 

A duração e as condições da secagem variam de acordo com o clima e o ambiente, mas atingir o teor de umidade ideal é essencial para preservar a qualidade e o sabor dos grãos de café.

Veja também: Classificação do Café: tipos de grãos

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