É um fato que o agricultor enfrenta muitos desafios em seu dia a dia, sendo o principal deles o manejo de pragas, como por exemplo, o picão preto, que apesar de parecer inofensivo pode se tornar um problema sério.
Você sabia que o picão preto pode causar perdas de até 30% na sua safra de grãos? Pois é! Esta é uma das principais daninhas que atacam as lavouras anualmente causando prejuízos enormes quando não passam por um controle eficaz.
Neste guia, vamos explorar o que é o picão-preto, identificar as culturas mais vulneráveis a esta praga e discutir as melhores estratégias para seu controle e manejo. Confira!
O que é o picão preto?
O picão preto é uma erva daninha de origem tropical, conhecida por sua resistência e capacidade de se adaptar a diferentes condições climáticas e tipos de solo, o que faz com que seja encontrada em todo o Brasil e ainda em diversos países da América do Sul, América do Norte e África, até mesmo em áreas urbanas.
Quantos tipos de picão preto existem?
Ao todo, já foram documentadas no país 19 espécies deste gênero, no entanto, os dois tipos de picão preto que mais causam danos em áreas agrícolas são: Bidens subalternans e Bidens pilosa.
Como identificar o picão preto: características e desenvolvimento
O picão preto tem características particulares que facilitam sua identificação, quando adulta, a planta de picão preto pode atingir até 2 metros de altura, com caules eretos e ramificados, apresentando flores, geralmente brancas ou amarelas agrupadas em inflorescências, já os frutos, são aquênios pretos com duas pontas, estes são responsáveis pelo nome popular da planta “picão”.
O picão preto pode se desenvolver rapidamente e uma de suas principais características é a reprodução exclusiva por sementes. Estima-se que uma única planta possa produzir até 30.000 sementes que podem ser facilmente disseminadas pelo vento, animais e até mesmo equipamentos agrícolas, o que torna o controle dessa praga difícil.
Para germinação do picão preto, a temperatura ideal é de 15ºC e é importante lembrar que esta daninha não precisa necessariamente de luz para germinação, no entanto, em condições ideais de luminosidade e temperatura, a germinação é otimizada e o picão-preto se torna ainda mais forte e resistente.
A grande preocupação dos produtores em relação à planta se dá pelo fato de que esta causa infestações perenes e intensas, já que as sementes do picão preto atingem até 10 cm de profundidade e podem germinar até 5 anos depois.
Outra preocupação em relação ao picão-preto, se dá pelo fato que ele pode servir de hospedeiro para diversos fungos, vírus e nematoides, potencializando ainda mais os danos à lavoura.
Qual é a função do picão preto?
Embora na lavoura seja considerado uma praga extremamente danosa, o picão preto conta com várias propriedades medicinais que são altamente valorizadas em algumas culturas e podem ser usufruídas através do consumo de seu chá.
Esta planta é conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias, antipiréticas (reduz a febre), antioxidantes e até mesmo diuréticas.Além disso, pode atuar no relaxamento muscular dada sua composição de flavonoides, compostos fenólicos, fitosteróis e glicosídeos.
Principais culturas afetadas pelo picão preto
A capacidade adaptação do picão preto permite que ele afete uma ampla variedade de culturas, dessa forma, a lista de culturas afetadas por essa planta é, assim como os danos causados por ele, extensa. Entre as principais podemos destacar:
- Diversos tipos de soja: o picão preto compete com os diversos tipos de soja por recursos, o que pode resultar em perdas de rendimento da planta;
- Milho em diferentes etapas de desenvolvimento: esta planta daninha pode afetar o milho desde as fases iniciais até a maturação, prejudicando tanto o crescimento quanto a colheita;
- Algodão diferentes etapas de desenvolvimento: o picão preto pode interferir no crescimento do algodão, reduzindo a qualidade e a quantidade da fibra produzida;
- Café: o picão preto pode competir com as plantas de café por luz, água e nutrientes, afetando negativamente a produção de grãos;
- Trigo: da mesma forma que acontece com as demais culturas, a competição por recursos com o picão preto, podem prejudicar o trigo.
Outras culturas que também podem ser afetadas pelo picão preto são: culturas de feijão, tomate, arroz, batata, cana-de-açúcar em diferentes etapas de desenvolvimento, maçã e muitas outras.
A flor do picão-preto em destaque
Quando realizar o manejo do picão preto
O manejo eficaz do picão preto deve ser uma atividade contínua, no entanto, deve ocorrer especialmente durante o período de entressafra, pois existem mais tipos de herbicidas que podem ser utilizados, estes devem ser aplicados em plantas de duas a quatro folhas para que haja maior eficiência no controle.
Tipos de herbicidas que podem ser usados no controle do picão preto
Existem vários tipos de herbicidas que podem ser utilizados no controle do picão preto e a escolha do mais apropriado pode depender de diversos fatores como: o estágio de crescimento da planta, as culturas presentes na lavoura e as condições ambientais.
No geral, os herbicidas usados dividem-se em dois grupos:
1. Herbicidas pré emergentes
Devem ser aplicados ao solo antes da germinação das sementes do picão preto, pois possuem compostos que impedem a germinação das sementes ou matam as plântulas logo após a germinação.
Entre os herbicidas pré-emergentes para o controle do picão preto, destacam-se o flumioxazin e o sulfentrazone, o primeiro possui ação residual para controle de banco de sementes, já o sulfentrazone possui ação semelhante ao anterior e deve ser aplicado em associação a herbicidas sistêmicos para melhores resultados.
2. Herbicidas pós emergentes
Já os herbicidas pós emergentes, devem ser aplicados diretamente nas plantas de picão preto depois que elas emergirem do solo, a partir daí eles serão absorvidos pelas folhas e transportados para outras partes da planta, interferindo em processos vitais como a fotossíntese ou a síntese de proteínas e eliminando o picão preto.
Entre os herbicidas pós-emergentes, os principais para o manejo desta daninha são:
- 2,4-D: Para melhores resultados, este herbicida deve ser usado juntamente com outros herbicidas sistêmicos;
- Glifosato: Ideal para a primeira aplicação no manejo sequencial, o glifosato é eficiente contra plantas pequenas de picão preto. Porém, é importante se atentar aos resultados pois recentemente foram encontrados exemplares de picão preto com resistência ao glifosato em pesquisas realizadas pela Embrapa.
- Glufosinato de amônio: Assim como o glifosato, o glufosinato de amônio é outra opção eficaz para controlar plantas jovens de picão preto.
- Triclopir: Também deve estar associado a outros herbicidas sistêmicos para maior efetividade no controle do picão preto..
De qualquer forma, independentemente da sua escolha de manejo do picão preto, o mais indicado é realizar a aplicação em plantas de duas a quatro folhas para garantir mais eficiência.
Para saber mais sobre a Cultura do Algodão e como potencializar os resultados da sua lavoura, continue acompanhando o Universo AgroGalaxy!
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